domingo, 18 de setembro de 2011

Vi - A garota da capa vermelha

"Vovó, que olhos grandes você tem..."
"É pra te ver melhor!"

Por incrível que pareça, existem essas falas nesse filme, rs.




A uns meses, quando eu soube que ia sair um versão mais adulta da história da Chapeuzinho Vermelho,  fiquei bem curiosa e até empolgada. Ok, a diretora podia ser a mesma de Crepúsculo e quase todo mundo achincalhou o filme por antecipação só por esse detalhe revelado no trailer que particularmente achei interessante. Não me importei com a diretora e continuei querendo ver no que ia dar. Quando ele finalmente chegou aos cinemas, li as críticas, e infelizmente, depois de ver por conta própria, cheguei a conclusão de que eles tinham razão em dizer que "A garota da capa vermelha" era mesmo um filme ruim.

Tá, não é de todo ruim, é meia-boca e consegue até ser divertidinho, isso, se você conseguir desligar o cérebro e o senso crítico, se importando apenas com o visual que é a melhor coisa do filme, e isso ainda feitas as devidas ressalvas...

A trama é essa:

Trata-se de uma moça chamada Valerie (Amanda Seyfried), que ama um lenhador chamado Peter (Shiloh Fernadez), mas que é forçada pela família a casar com outro cara (Max Irons), por que ele tem mais dinheiro.Obviamente, ela não o ama. Valerie e Peter fazem planos de fugir da aldeia onde vivem, mas ela muda de idéia depois que a irmã mais velha é assassinada por um lobisomem. O pessoal do vilarejo chama um padre caçador (Gary Oldman) pra dar cabo do monstro.

Nossa, tem muita coisa na minha cabeça, por onde eu começo?Vou tentar ir meio que por ordem cronológica, vai ter spoilers, então, se quiser continuar é por sua conta.

Vou primeiro falar da coisa mais legal do filme, aliás, a única que eu gostei de verdade, que foi o visual.  Os cenários são muito bem feitos e beiram o artificialismo na medida certa, exatamente pra dar toda a sensação de fábula. Dá pra sacar que 90% do que aparece ali é feito no interior de um estúdio, num ambiente extremamente controlado e montado. É uma coisa bem conto-de-fadas, com aquela neblina, aquelas flores espetadas no chão e aquelas árvores com"estacas", tudo feito pra gerar as sensações de certas de acordo com a história, ainda sim existe uma parcela de realismo, mas só um pouco. Lembram os cenários de "A companhia dos lobos" (exceleeente filme). Achei bem válido.

Sobre a trama, aquela coisa de paixão proibida já tá mais do que batida, sério...Todo o desenrolar da relação da Valerie e do Peter é extremamente previsível, cheio de clichês do tipo "Se você a ama, pense no futuro dela!" e "Eu sei que você fez aquilo pra me deixar com ciúmes", fora aquele topete dele..Putz...




Sério, acho ridículo o quanto a diretora se esforça pra nos mostrar quem são os "gatchênhos" que disputam a mão da mocinha! Olha só, todos os caras da vila são normais ou feios mesmo, daí, surgem aqueles dois rapazolas: um com uma quase franjinha emo e outro com aquele topetão de Edward, que eu juro, fica cada vez mais alto ao longo do filme!Dai-me paciência.

Todos ali vivem num vilarejo no meio do nada.Um ferreiro ganha tanto dinheiro assim a mais que um lenhador?

AH! Destaque pra o absurdo discurso que a mãe de Valerie faz em relação ao casamento arranjado, tente seguir a lógica:

Ela quer casar a filha com o filho do ferreiro, por que ele pode dar um futuro bom pra ela, já que tem mais dinheiro. Valerie diz que não ama o rapaz e que quer ficar com Peter, que é lenhador. A mãe diz que sabe quanto ganha um lenhador (já que é casada com um), logo, ele não pode dar perspectivas pra Valerie.
Agora veja bem o que ela diz em seguida;
que não amava o pai de Valerie quando o casamento deles foi arranjado,e que amava outro rapaz também, rapaz esse que era pobre, então ela preferiu abrir mão dele.

 ACONTECE QUE ESSE RAPAZ ERA O PAI DO FERREIRO! E que o pai de Valerie TAMBÉM É LENHADOR!

MINHA CABEÇA EXPLODIU!

Vocês captaram o grau de insanidade do roteirista??? Que cagada de lógica foi essa????

Ok, ok, voltando a atuação dos dois rapazes. É insossa. Não ruim, mas insossa mesmo. Um adendo sobre as expressões do ator que faz o Peter: eu tenho CERTEZA que aquele "meio sorriso tentando parecer irônico, mas não passando de uma careta" foi ideia da diretora, certeza meeesmo, por que aquilo é TÃO Edward. Ridículo, apesar de que o Peter ainda que sem graça consegue ser 1000 vezes mais carismático. Tática da direção pra atingir o público-alvo, só pode.

A Amanda é boa atriz, todo mundo sabe, mas a personagem é meio lerda. O resto do elenco não é ruim e também não é ótimo. Pra mim, o melhor mesmo (ou mais divertido) foi o padre caçador. Até é interessante perceber o quanto o Gary Oldman abraçou o exagero do personagem. A minha impressão foi que ele percebeu que realmente o padre Solomom (Kane?) era uma figura avacalhada e foi nas pilhas do roteirista...Acho que ele se divertiu, e eu ri, principalmente na hora que ele grita "EU AVISEI VOCÊÊSS!!!!"

Agora, atuação ruim, mas podre meeeesssmo foi a da Virginia Madsen, que faz a mãe da Valerie. Ruim de  D-O-E-R, que personagem mais fuleira, credo! Foi um cruzamento de personagem mal desenvolvida com atuação digna de pena. Aquela mulher era uma cretina por que que espécie de mãe em são consciência que acabou de perder a primogênita cujo o corpo está sendo velado a poucos metros de distância, tem estômago pra tratar com a caçula sobre o noivado por interesse? E ela nem se esforça pra parecer triste, nem na hora que a filha morre, nem na hora em que a outra filha (spoiler!) vai presa por bruxaria, nem se incomoda com o sumiço do marido. Caramba! Era palpável a má-vontade da atriz.



Essa mulher de azul me irritou MUITO.

A vó da mocinha, eu não consegui levar a sério,mas ri na hora em que ela salta da cama que nem aqueles palhaços de caixinha.

"BOM DIA QUERIDA!"

Sobre os outros personagens sem importância, aliás, sobre todo o "núcleo da vila", só posso dizer que são no mínimo curiosos. A burrice daquela gente é algo...Eles se dão ao trabalho de chamar um cara especialista pra caçar o lobo, pra logo depois desprezar toda a palestra que o cara dá sobre a tal criatura e gritar "vamos festejar!". Aí acontece uma festa muito sem noção...

Que festa é aquela?Com aquela dança cheia de esfregação e olhares sugestivos, concluo que fosse uma versão antiga do baile funk, sempre levando em conta que a história acontece na Era Medieval. Simplesmente por que uma dança mais casta e fiel a época  não atenderia às exigências do roteirista que naquele momento queria muuuito mostrar uma cena ridícula de ciúmes entre o casal de mocinhos.Genial aquilo...

Também é incrível a quantidade de vezes que o filme tenta nos enganar enfocando esse ou aquele personagem (importante ou não) numa tentaiva de gerar suspense e nos fazer pensar "aposto que o fulano é o lobisomem...Ah, não, agora acho que é o cicrano!"

Conte quantas vezes a câmera passa de personagem em personagem, só pra mostrá-los trocando olhares de desconfiança.
Como na hora que um cara  fecha a porta e nela está pintada a figura de um lobo...Pff...
Com certeza fizeram pra que muitos espectadores pensassem "Ah, é ele! Sou um gênio, decifrei a cena!"
É, vai nessa. Só digo que o filme é uma enrolação, tentando jogar "pista e recompensa" , acontece que as pistas são todas falsas...

Tive a impressão de que certas cenas e sequências foram um recurso pra aproveitar tomadas que de outro modo seriam deixadas de fora pela edição. A diretora deve ter pensado "Ah, mas essa imagem dos dois andando na neve é tão bonita! Vamos criar uma sequência de sonho só pra não perdê-la", fora outros momentos de falta de lógica que quebram a história.

Falando em falta de lógica, é de se ressaltar que é um filme de lobisomem, onde pessoas são caçadas e mortas, porém praticamente não há sangue, e, lembrando que os figurantes morrem com uma simples patada do bicho, enquanto personagens importantes tomam flechadas e facadas e continuam como se nada tivesse acontecido.

Conclusão final:

Esse filme é um produto feito sob medida pra a geração Crepúsculo. Temos aí todos os ingredientes batidos e sem graça que também encontramos na "saga". Não digo que "A garota da capa vermelha" seja pior do que os filmes da Bella, por que realmente não é, mas tratando-se de falta de originalidade, erros de lógica e pasteurização comercial, ele fica quase em pé de igualdade. Quase, por que pelo menos, não temos aquela vontade de espancar a mocinha.


fontes:omelete, cinema em cena.


-

Nenhum comentário:

Postar um comentário